21/05/2010

Entrevista reveladora... mas nem tanto

A entrevista dada à Rádio Bandeirantes pelo então secretário de Habitação, Elton Santafé Zacarias, que agora assumiu a Secretaria de Infraestrutura Urbana é reveladora. Embora ele tenha sido pouco questionado pelo entrevistador - que até desconhecia o funcionamento de uma Operação Urbana e insistiu em falar em contrapartida das empresas vencedoras de licitação, o que não existe - deixou transparecer o que há realmente a se temer quando se fala no projeto previsto para ser implantado no Jabaquara.

Mais: talvez explique até porque a Prefeitura tem usado duas terminologias diferentes quando trata dele. Em entrevistas e na agenda de metas do prefeito, assim como no site, fala em Operação Urbana Água Espraiada. Mas, quando fala nas desapropriações para o túnel, usa o termo "prolongamento da Avenida Jornalista Roberto Marinho - construção de túneis".

O secretário, inicialmente, fala em manter as famílias removidas de favelas no bairro. Depois, diz que há garantia de apenas quatro mil unidades locais, as demais são "parceria com a CDHU", sem garantia de localização, portanto.

O mais grave, entretanto, vem depois.

Ele começa com o lado bom da história: explica que uma operação Urbana parte do princípio que o bairro deve ser beneficiado, como contrapartida pelas vantagens oferecidas à iniciativa privada (e não aos vencedores da licitação, como aponta o radialista). Diz que as famílias de classe média e média alta serão beneficiadas pela construção da via parque de três quilômetros (obra que trará muitas desapropriações, aliás, na região da Avenida Pedro Bueno), com "melhoria da qualidade ambiental, valorização dos imóveis".

Aí, quando é questionado sobre o prazo, mostra a grande contradição (aos seis minutos da entrevista). "Olha, o ideal é que ficasse pronta até final de 2012, início de 2013". E então, vem a grande revelação, em pouquíssimas palavras: "pelo menos a parte dos túneis".

Como o S.Paulo Zona Sul vem apontando, o grande risco desse mega projeto é que ele na verdade não irá beneficiar parte alguma do Jabaquara. O bairro atravessará anos de transtornos apenas para que uma obra viária, que beneficiará somente moradores de outras regiões da cidade, seja construída. Lembrem-se que o túnel não terá ligações diretas com a região porque ele é uma ligação viária de longo percurso.

E o secretário continua: "A parte de atendimento habitacional com a via parque, eu acho que é um projeto mais demorado. Os projetos de urbanização, eles são feitos em conjunto com a população (pausa nossa: como assim?), então são projetos mais complexos. Tem que construir apartamento, tirar a população de lá, levar para um aluguel, depois construir o apartamento definitivo, aí eu acho que leva uns quatro anos..."

O compromisso, então, é com a obra viária? Faltou essa pergunta, faltou essa resposta.

Em uma próxima postagem, vamos discutir o projeto da via parque. Lindíssimo, valorizaria muito a região. Mas, quem olha hoje para o piscinão ou para toda a extensão da Avenida Jornalista Roberto Marinho se questiona: será que a Prefeitura tem mesmo a intenção de deixar essa região tão bonita?

12/05/2010

De onde virá o dinheiro?

Tudo muito estranho. Parece tão natural perguntar: por que a Prefeitura está falando em três novas operações urbanas se nem mesmo consegue dar início à já proposta? A pergunta ganha ainda mais relevância quando percebemos que os leilões de venda de certificados de potencial construtivo, os chamados cepac´s, considerados fundamentais para o sucesso de obras dessa magnitude, têm despertado muito pouco interesse. No último leilão promovido pela Prefeitura, em 4 de maio, os títulos foram vendidos pelo valor mínimo proposto, sem nenhum ágio. No caso da OU Água Espraiada, obra que deve consumir 2 bilhões, no mínimo, apenas 400 milhões estão em caixa, resultantes da venda dos Cepacs.

11/05/2010

Menos desapropriações?

Em entrevista ao Jornal da Tarde, um engenheiro da Prefeitura defende o novo traçado para o túnel de ligação entre a avenida Jornalista Roberto Marinho e a Rodovia dos Imigrantes. Roberto Mulin diz que se o traçado original fosse mantido mais famílias seriam atingidas, pois o túnel seria maior. Mas, o que ele não diz e o jornal não questionou é que no traçado maior a saída do túnel seria em um bairro onde não há casas. Seriam certamente necessários mais poços de ventilação, mas é inegável que a quantidade de casas atingidas pela desembocadura do túnel na rodovia seria muito menor. Ele também não comenta nada sobre o projeto realmente original, que previa reurbanização da região de Americanópolis com a abertura dessa ligação em avenida...

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