01/05/2010

Moradores do entorno de Congonhas se unem

Edição 2398, de 21 a 27 de novembro de 2008

Indignada com a idéia de desapropriação de dois mil imóveis para ampliação do Aeroporto, comunidade vai se reunir segunda, 24

Moradores, proprietários de imóveis, locatários, empresários... Muita gente está indignada em bairros próximos à cabeceira de Congonhas, como Jardim aeroporto e Parque Jabaquara e, por isso, vão promover um encontro e iniciar uma mobilização da comunidade local, contrária à idéia de desapropriações no bairro. A reuniao será na próxima segunda-feira, dia 24, na Rua Freire Farto, 441.

Todos se queixam da recente declaração pública do prefeito Gilberto Kassab, de que o ideal seria desapropriar cerca de dois mil imóveis na região do Jabaquara para ampliação das pistas do aeroporto. Após encontro com o governador José Serra e com o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, para tratar da ampliação de Congonhas, o prefeito disse que “metade dos imóveis está vazia e a outra metade quer sair. Na região tem só dois predinhos baixos e o custo de desapropriação deles é pequeno, algo em torno de R$ 30 milhões.”

“Eu não sei de onde ele tirou essa idéia. Minha família mora aqui há 40 anos e ninguém quer sair daqui. E é uma inverdade dizer que metade das casas da região estão vazias. O prefeito precisa vir até aqui conversar com a comunidade”, diz Edgar Nagib. Ele postou alguns vídeos no youtube sobre o tema (basta fazer busca pelo tema “desapropriação x prefeito”.

Vários outros leitores também estão indignados e prometem lutar contra a ampliação de Congonhas em direção ao Jabaquara. “Ninguém aqui foi consultado para o prefeito sair dando uma declaração dessas”, diz um empresário do Jabaquara que prefere não ter seu nome publicado. Ele garante que estará no encontro de segunda-feira e que a oposição à proposta será ferrenha.

Estudo

O Jornal São Paulo Zona Sul entrou em contato essa semana com o Departamento de Controle Aéreo (DECEA), que tem sede no Rio de Janeiro. Isso porque, após o encontro entre os três poderes, no início de novembro, o ministro Nelson Jobim declarou que pediria ao órgão um levantamento sobre o entorno de Congonhas e que o resultado sairia em 15 dias. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, no entanto, esse tipo de obra não cabe ao Departamento e até agora nenhum pedido nesse sentido foi feito.

Há outros fatos curiosos na projeto de ampliação da pista sugerido (veja no quadro ao lado). Primeiro porque, se a idéia é aumentar em pelo menos um quilômetro a s duas pistas, as desapropriações chegariam até, pelo menos, a Av. Engenheiro George Corbisier e “engoliriam” outras importantes vias da região, como a Avenida Pedro Bueno...

Perguntas sem respostas sobre o projeto de ampliação
  • Como será feita a ampliação das pistas, em direção ao Jabaquara, sem atingir importantes vias de tráfego, em especial a Avenida Pedro Bueno?
  • Se, como foi anunciado, a pista for ampliada em 1 quilômetro, atingirá região entre as estações Conceição e Jabaquara, onde há muitos prédios. Isso não vai atrapalhar o tráfego aéreo?
  • O prefeito declarou que ninguém quer morar nas proximidades da cabeceira de Congonhas. Mas, ao ampliar a pista, não haverá apenas “mudança de vizinhos”, ou seja, proprietários de outros imóveis não passarão a ficar ao lado das novas cabeceira?
  • Como a Prefeitura e o Governo do Estado planejam fazer a importante e complexa interrelação entre este projeto e outros planos já anunciados para a região, como a Operação Urbana Água Espraiada, a ampliação da Avenida dos Bandeirantes e a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) entre a estação São Judas do metrô e o Aeroporto de Congonhas. Vale ressaltar que todos esses projetos devem implicar em desapropriações.

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